Não idealize ele, realize ela.

Parei de idealizar os homens, quando percebi a minha profundidade enquanto mulher. 

Não há quem possa mergulhar tão fundo em minha alma, e dizer dela a mim, se não eu mesma.

Às vezes queremos ouvir do outro, do parceiro, do tão sonhado ou idealizado amante alado e fulguroso; que nos protegerá e nos anseia, que desbravará batalhas pra ter a nós, que nos faz sentir seguras em seus abraços, mas não nos aperta ou sufoca, que nos compreende... Mas, ele não existe. Ele é criado no tete-a-tete diário de uma mulher empoderada, quando parceira de um homem. E olhe lá!

Tudo foi construído no imaginário que mais uma vez, serve a eles, como esboço de uma figura heroica capaz de dobrar até a mais selvagem das Amazonas.

E amazona que me descubro,
E deusa que me descubro,
E oráculo que me descubro,
E feiticeira que me descubro,
E delirante que me descubro,
E fragilidade que me descubro,
E força ancestral que me descubro,

Não há outro capaz de mergulhar em mim, se não eu. 

Como um rio de Hades que quando se vai, não se pode voltar, homem algum chegará até lá. 

Mulheres, talvez compreendam melhor o mergulho que precisa ser feito para chegar verdadeiramente em si, pois, todas elas também são um rio. E foi ao perceber isso que eu parei de desejar que me contassem de mim. Que eu parei de esperar que se encontrasse o desbravador capaz de me colocar no meu próprio pedestal. 

Foi assim que eu não acreditei que seria o outro que narraria as minhas Histórias, onde eu, heroína, seria retratada como sou verdadeiramente aos olhos dele.

Os olhos dele seja ele quem for, só podem ver os escudos, as roupas finas, a pele, e a sublime primeira camada da alma em que eu deixar.

Ainda que eu rasgue o infinito particular, e mostre o rio... Nada poderia ele compreender dali, ou enxergar, se não, uma ilusão formada aos seus olhos, ou uma esfinge.

Porque o interior de toda mulher se mostra, tal como o Deus dos homens: da forma como eles podem achar que compreendem. 

É um instinto protetor, é a defesa da nossa magna mulher oculta.

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